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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010


Mesmo longe,
continuo emparelhada,
sonhando com cavalos que galopam na poeira
e com um rio que corre seco.
Sou, de fato, a princesa Encantada
que, de vez em quando,
sente vontade de escalar a Serra,
rezar na Capelinha,
subir na torre da Igreja.
De fato mesmo
e de direito,
sou a que fez um pacto de Amor
com  São Sebastião.
Valdenides
Belo Horizonte, Confins, 08 de novembro de 2010 

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Pontos de Passagem

Nada faço mais
que esperar...
espero
desespero
inespero
nessas paragens
nesses pontos de passagem
onde chego
e saio
sem me dar conta
mas levando comigo
a conta da saudade
em moedas de valor
inegociável.

domingo, 24 de outubro de 2010

SOBRE A FUGACIDADE DA VIDA

Se já sabemos
do nosso tempo
curto
de nossa vida
breve
de nosso espaço
restrito
façamos um pacto:
vivamos, intensamente,
o tempo de um orgasmo
que transforma o fugaz
em eterno.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

ESCREVO...

E é tão fria a madrugada
que as idéias, ainda congeladas,
tentam seguir seu curso,
mas param na música que escuto:
so like my life
so love my live.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

LOUCURA POÉTICA

O que diriam os loucos
se soubessem
que ando a cavar nuvens
em busca de palavras
para plantá-las
no solo fértil do poema?

O que diriam os poetas
ao me verem arando a terra
adubando o chão
aguando as palavras
à espera de que a poesia se faça?

O que diria eu
ouvindo o louco ler o meu poema,
Vênus, Cupido, Loucura e Tempo (Alegoria do Triunfo de Vênus), de Angelo Bronzino
vendo o poeta sentir a minha poesia?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A MORTE

Esse assombro
que a vida traz colada,
calada, em si
como um espanto
e um alumbramento.
Passagem irremediavelmente certa,
definitiva
Ofélia, Eugène Delacroix
e infinita.

domingo, 22 de agosto de 2010

O CAIS DA VIDA

Minha noite, este cais, este barco à deriva, esta âncora levantada ao vento, vela em sopro lento. Minha noite turbu lenta lenta turva interminada. Minha noite em vigilância ânsia de dourar o infinito, de tocar a claridade, baixar âncora.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

SOFRIMENTO

As palavras
feridas no contato
entre o pensar
e o escrever,
deitam seu sangue
sobre a página
branca de desejo
de possuí-las.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

APENAS AMOR

O (meu corpo) se resguarda
em meio aos interditos.
os ditos, os olhos filtram
e o riso plenifica.
Tão contrário a si:
é o mesmo amor,
os mesmos corpos,
as mesmas vontades,
os mesmos desejos
surpresos
nas malhas do meu, do seu,
do nosso olhar.

O EVANGELHO SEGUNDO SARAMAGO

Por fim,
o mago
sara.
Sara,
o mago.
E passa a habitar
a região das revelações.
"Um anjo realmente merecedor de Jesus".

segunda-feira, 26 de abril de 2010

FLORAÇÃO

Sinto o cheiro das flores.
Desfaleço.
Presos na retina
ainda os lírios da minha juventude:
grandes copos-de-leite,
girassóis colossais,
bugaris,
mandacarus,
bom-dia,
boa-noite...
a mistura do branco com o amarelo
me diz que a felicidade
não se perdeu no tempo
e ainda brinca de pega-pega,
esconde-esconde
nos meus quintais.

terça-feira, 20 de abril de 2010

O AMOR E A MORTE DOS CORPOS EM CONTOS DE JULIO CORTÁZAR


O corpo existe como parte de um mundo que nele penetra re-ativando todo o seu interior que se deixa expor em forma de emoções as mais diversas, nas mais variadas épocas. Edgar Morin (1988, p.11) nos explica que a crise cultural que se instaurou na década de 60 fez ressurgir “os grandes Recalcados”, dos quais o último foi a morte. E, pela forma como foi tratada, fez aparecer uma nova espécie de “tanatófagos”, na qual incluímos aqui Cortázar, pelo modo como ressignificou o tema em seus contos, entrelaçando-o à vida e a tudo que lhe é inerente. O amor, a angústia, a (in)certeza e o medo da morte faz com que corramos para a vida como um caminho de salvação. Planells (1979, p.79-80), estudioso de Cortázar, nos diz que em seus contos não conseguimos encontrar um sentimento amoroso verdadeiramente intenso. Ao sentimento amoroso está sempre ligada a idéia da morte. Para ele,
en ninguno de esos variados textos es posible encontrar un sentimiento amoroso intenso. El amor que presenta Cortázar está siempre en función de la carne o del arte; la crítica ya ha señalado que en su obra ‘no se encuentra el motivo del amor, que suele ser una tabla de salvación para los personajes de muchos autores.’ Aparecen, sí, el deseo sexual desprovisto de ternura, o bien el sentimiento intelectualizado carente de profundidad afectiva, como resultado de la soledad y la incomunicación. Los personajes de Cortázar son incapaces de amar, sólo pueden desear.


E aqui acrescento ao pensamento de Planells: se o amor em Cortázar está sempre em função da carne, da morte e da arte, nos contos ditos comprometidos diria que está em função do político-ideológico. De modo que o corpo na narrativa cortazariana nunca se encontra em repouso, está sempre conflitivo, insatisfeito, incompleto, correndo riscos, tentando eternizar o instante presente pelo jogo da vida, da sedução e, no caso de muitos dos contos analisados, pelo desejo de uma realidade melhor ou pela fuga da realidade presente e, por fim, dá-se a completa insatisfação. Enfim, geralmente acaba por bater de frente com a morte.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Aquele que é
disse-me, um dia:
segue o teu caminho.
E assim, vou,
ardendo
em sarça,
comendo da vida
o diabo
que Ele amassou.

segunda-feira, 15 de março de 2010

ONIPOTÊNCIA

O vento corta veloz a noite.
O luar corre comigo
lado a lado.
Sinto que sou livre
como a nuvem
que se esvoaça no céu.
Sinto que sou eterna.
Tudo passa.
Lua
vento
pensamento
Eu,
Fico.

A Mão de Deus

A Mão de Deus está ali
apontando os meus caminhos.
Semanalmente ela me indica:
é por ali.
E eu sigo a Sua indicação.

CONSTATAÇÕES

Enxergo-te por cima,
e, além do sexo,
te enxergo acima
de qualquer nexo.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

CONTRADANÇA


Uma quadrilha
com Drummond,
um tango
com Cortázar,
mas vou cair,
perdida de amores,
no descompassado redemoinho
de um saci goiano.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

NUMA HORA ABERTA DA NOITE


Sonhei que estava tão próxima de tua face,
tão dentro de teus olhos,
que conseguia visualizar
o azul sem tempo
que paira sobre o espaço
onde te mostras e te encantas
e mais me encanta.

Sonhei com a penugem de tua alma de gato
e, de tanto, tanto acariciá-la,
foi se de(s)compondo em redemoinho,
fumaça,
ilusão.

Voltei pra Val(er)


Voltei. Como quem volta de uma longa viagem pelo tempo. Fui em busca da fórmula mágica da vida em toda a sua plenitude. Mas a vida se perdeu no meio do caminho do tempo e virou o instante presente, a vida presente, para seguir Drummond. Porque há pedras no meio do caminho, ou dos caminhos, há homens partidos, há uma rota de coalisão na qual a gente se perde e se encontra e encontra o outro e o perde no mesmo instante. Voltei, porque voltar é mais difícil que desistir.