Minha lista de blogs

terça-feira, 20 de abril de 2010

O AMOR E A MORTE DOS CORPOS EM CONTOS DE JULIO CORTÁZAR


O corpo existe como parte de um mundo que nele penetra re-ativando todo o seu interior que se deixa expor em forma de emoções as mais diversas, nas mais variadas épocas. Edgar Morin (1988, p.11) nos explica que a crise cultural que se instaurou na década de 60 fez ressurgir “os grandes Recalcados”, dos quais o último foi a morte. E, pela forma como foi tratada, fez aparecer uma nova espécie de “tanatófagos”, na qual incluímos aqui Cortázar, pelo modo como ressignificou o tema em seus contos, entrelaçando-o à vida e a tudo que lhe é inerente. O amor, a angústia, a (in)certeza e o medo da morte faz com que corramos para a vida como um caminho de salvação. Planells (1979, p.79-80), estudioso de Cortázar, nos diz que em seus contos não conseguimos encontrar um sentimento amoroso verdadeiramente intenso. Ao sentimento amoroso está sempre ligada a idéia da morte. Para ele,
en ninguno de esos variados textos es posible encontrar un sentimiento amoroso intenso. El amor que presenta Cortázar está siempre en función de la carne o del arte; la crítica ya ha señalado que en su obra ‘no se encuentra el motivo del amor, que suele ser una tabla de salvación para los personajes de muchos autores.’ Aparecen, sí, el deseo sexual desprovisto de ternura, o bien el sentimiento intelectualizado carente de profundidad afectiva, como resultado de la soledad y la incomunicación. Los personajes de Cortázar son incapaces de amar, sólo pueden desear.


E aqui acrescento ao pensamento de Planells: se o amor em Cortázar está sempre em função da carne, da morte e da arte, nos contos ditos comprometidos diria que está em função do político-ideológico. De modo que o corpo na narrativa cortazariana nunca se encontra em repouso, está sempre conflitivo, insatisfeito, incompleto, correndo riscos, tentando eternizar o instante presente pelo jogo da vida, da sedução e, no caso de muitos dos contos analisados, pelo desejo de uma realidade melhor ou pela fuga da realidade presente e, por fim, dá-se a completa insatisfação. Enfim, geralmente acaba por bater de frente com a morte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário